sexta-feira, 13 de maio de 2022

A Ameijoa Asiática - Uma Espécie Invasora no Rio Tejo desde os Anos 80


       No âmbito do Projeto "EBMuve" do Agrupamento Escolas de Marinhais , no passado dia 11 de maio (mês do Coração), os alunos da EB 2,3 de Marinhais participaram numa caminhada e passeio de BTT até à localidade avieira do Escroupim. Ao longo do percurso ficaram a conhecer a Mata Nacional do Escaroupim e o trabalho que o ICNF faz em prol da Sustentabilidade, tendo o Professor César Saramago dado a conhecer a quantidade enorme de redes de malha muito fina que são apreendidas no Tejo para a pesca ilegal, em especial do meixão (enguias bebés/juvenis).

        Já na localidade do Escaroupim, o Clube do Mar/Escola Azul da nossa Escola deu a conhecer a influência das marés nesta zona do Tejo, muito perto do limite máximo onde elas exercem a sua ação física (Muge), podendo atingir uma amplitude de 3 metros. Vários pequenos cientistas executaram um pequeno estudo de demonstração de um dos maiores desequilíbrios do ecossistema que o Tejo sofreu nas últimas 4 décadas. 

        Por volta do início dos anos 80 do século passado, a espécie Corbicula fluminea (Ameijoa Asiática) surgiu no rio Tejo, crendo-se que transportada no lastro de navios e lançada nas nossas águas pelo vazamento da água desse lastro. É uma espécie hermafrodita e ovovivípara que se adapta muito bem a diferentes ambientes aquáticos, devido à tolerância a diferentes substratos, rápido crescimento e maturidade sexual precoce. Alimenta-se de grande quantidade de fitoplâncton, retirando da coluna de água muito do alimento disponível para outros seres vivos do rio. Sendo exponencialmente invasora, passou a ser dominante nos bivalves de água doce, fazendo com que espécies nativas do Tejo começassem a desaparecer. 

        À chegada ao Escaroupim, já com a Maré a subir, eram visíveis no leito do rio os vestígios de centenas de restos de conchas deste molusco bivalve. Vários alunos recolheram algumas amostras do substrato desse leito (com um tubo de 40 mm de diâmetro) e após o crivo desse substrato, verificaram que cada uma das amostras tinha sempre 2 a 4 ameijoas asiáticas vivas (média de 3 por amostra), numa superfície de aproximadamente 12 cm2 (alguns alunos calcularam a área da base circular do tubo utlizado para recolher as amostras). Feitas algumas contas e estimativas face à quantidade de amejoas asiáticas presentes nas amostras colhidas, todos os presentes ficaram surpresos ao perceber que apenas numa área de 1 metro quadrado, nesta zona do Tejo, pode haver cerca de 2500 ameijoas vivas da espécie Corbicula fluminea . Se alargarmos esta estimativa a 1 km2 do leito do Rio Tejo (zona do Escaroupim) rapidamente chegamos ao impressionante número 2 500 000 000 ameijoas asiáticas vivas!

         São muito os impactos negativos que este bivalve invasor do Tejo provoca nos ecossistemas e na economia/indústria local (in "Corbicula fluminea: Utilização de uma espécie invasora como organismo experimental" (Universidade de Aveiro/Universidade de Coimbra):





Sem comentários:

Enviar um comentário